Saturday, August 11, 2012

Cronistas

Coisa com piada neste país é pormos a ler os jornais, sobretudo na parte reservada aos nossos queridos opinion makers. Cada asneira suportada por paradigmas científicos ultrapassados e obsoletos, levando pois claro, a conclusões estapafúrdias que nada tem a ver com a nossa realidade. Pensam o Cabo Verde como se de um país ocidental desenvolvido fosse. Errado. Uns associam a esquerda a criminosos, esquecendo-se dos crimes da direita. Buscam, tal como Parsons fez com os clássicos, autores para tentarem legitimar os seus disparates. Sinceramente, não sei onde o Casimiro leu que Weber afirmou que é papel do Estado monopolizar a violência. Deveria ele saber que, primeiro, Weber não é um estadista (cuidado com as comparações) e, segundo, o velho apenas constatou como investigador que o Estado é detentor do monopólio da violência legítima. Mas, às vezes os fins justificam os meios (lá estamos de novo nos inovadores de Merton - interpretado aqui num sentido diferente). Depois aparece um tal de Elísio Semedo, técnico social, que diz ter a fórmula para acabar com o movimento thugétnico em 24 horas. Sendo este senhor um técnico social, com afirmações desse tipo e ignorando completamente o que realmente está na base de toda esta koboiada, entendemos, de facto, como é que as coisas chegaram a esse ponto. Mas, a comédia mesmo sai da caneta do cronista Emanuel Brito, que até começa bem, mas, depois põe tudo a perder quando vai buscar o estudo encomendado pelo Ministério da Justiça sobre as crianças em conflito com a lei (já agora, porque é que não são as leis que estão em conflito com as crianças?) para defender que a culpa de tudo isso é da tal desestruturação familiar. Mas, qual desestruturação familiar? A interiorizada da cultura judaica-cristã do pai, mãe e filhos? Desde quando essa é estrutura familiar caboverdiana? Pelo que eu sei, a estrutura familiar dominante nas ilhas foi desde os primórdios, mãe, filhos, sem pai. Também, há os casos que se costuma chamar de monogamia serial. Não sei se conseguiu ler isto no tal conhecido antropólogo. Se essa é a principal causa da delinquência juvenil, então, os auto-proclamados thugs existem desde o século 15/16. Nem a Igreja deveria ir por esse caminho, visto que, foi ela própria quem reproduziu, legitimou e incentivou essa cultura chamada por Carreira de poligamia informal.

(Imagem de autor desconhecido)

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