Estava eu quase a acabar de escrever o post anterior e o telemóvel toca. Do outro lado, Dudú Rodrigues, o artista, directamente da esquadra da Achada Eugénio Lima. Foi preso. Acusação: desacato à autoridade. Razão: por andar de patins no asfalto de Zema. Situação: o gajo depois das artes plásticas, parkour, grafite, audiovisual, produção do festival hip hop Konsienti, e não sei mais o quê, resolve que quer andar de patins na street com a malta tribal. Na descida do monte-agarra que dá acesso à Fazenda, escorregando na diskontra si riba patins di linha, aparece o carro piquete number 5, de dentro um gorila estica a mão agarrando-o à camisa e atira-o contra o carro que se encontra em movimento. Cai ao chão, o carro pára, os gorilas saem de arma em punho e o elemento é atirado contra o capot para ser revistado. Reacção: busca entender o porquê de tão espectacular aparato e um dos gorilas irritado por ver que o meliante conhece os seus direitos, grita que está a ser preso por desacato e é "fulhado" como um animal para dentro da lata da sardinha. Desacato? Por ter sido atirado contra um Toyota Hilux em movimento? É a violência policial. A tolerância zero que Júlio Correia copiou de Rudy Giuliani e Lívio Lopes deu continuidade. Não sou jurista, nem conheço as leis, mas duvido que haja uma que proíbe o animal humano de andar de quatro rodas patinais nas estradas. Entendo quando a polícia chateia-se com o resto da tribo por agarrarem em autocarros e demais máquinas andantes, mas preso por andar de patins é no mínimo um absurdo só possível (ou talvez não) nas ilhas fantásticas. É a nossa polícia... despreparada, obtusa e violenta. Agora fico a imaginar o que os meus camaradas do Wolf Gang devem passar quando levados pela bófia. Com tantos criminosos no Parlamento, Governo, Câmaras Municipais e demais instituições públicas e privadas... vão mas é p'ro carralho. Final: ao chegar à "frigidera" puxa do móvel e gasta o seu direito a uma chamada comigo. Vou lá ter e sou informado pelo polícia de plantão que o sacana está a ser ouvido. Por sorte, após ter passado por momentos de alguma pressão psicológica, o chefe da esquadra (que por acaso o conhece) resolve soltá-lo apenas com uma repressão verbal... por andar de patins no asfalto do Zema que Filú apresentou como sendo dele. Final feliz e fica o susto para o gajo recém-chegado de França após ter representado Cabo Verde num encontro cultural em Paris como prémio de ter ganho o concurso fotográfico 2010 do Centro Cultural Francês.
Aconteceu com ele desta vez, mas acontece com tantos outros todos os dias. Pediu-me o gajo que fizesse este post... e aproveito para dizer que não obstante ter amigos, conhecidos e alunos polícias (que respeito), a maioria não passa de retardados chefiados judicialmente e executivamente por outros tantos retardados. Pronto já disse... talvez quando precisar deles fico a chupar no dedo. É a vida...
(Na imagem: Carro piquete number 4 de prevenção na Várzea no dia em que Maika, o nigeriano morto pela polícia em Dezembro último, é levado a enterrar)
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