Friday, December 7, 2012

II Edição do Festival de Hip Hop Tarrafalense

O hip hop apesar de ter chegado a Cabo Verde nos anos 80 pelas mãos dos "mininus" dos sobrados vindos das férias escolares dos states e de alguns filhos de emigrantes (ficando pelo mi nha nomi e Totoi n ta kanta rap n ta badja breack... yo) só ganhou visibilidade e alguma notoriedade nos anos 2000 (sem esquecer do impulso dado pelos rappers da Praia e do Mindelo nos anos 90), se bem que conotado com violência, "kasubodismo" e "thugmania". Esta visibilidade e notoriedade só chegou quando esta cultura urbana (ou sub-cultura) encostou-se às esquinas dos funcos. Ou seja, ao contrário de muitos outros países em que este movimento deslocou-se da periferia para o centro, no nosso canto à beira mar quase quase, mesmo quase verde, o fenómeno foi inverso.

A actual conotação em riba mencionado tem corno onde se lhe pode pegar. A verdade é que a maioria dos grupos thugs praiense, formados nesta década tinham nome do grupo gangsta rap da zona, uma vez que, surgiram em parte como protecção dos MC's locais (eram tipo guarda-costas dos gajos) devido aos "bifes" pessoais e territoriais. Mas estas análises são para outros espaços... o que importa aqui dizer é que a nível territorial o movimento se encontra num estado de periferização regional (levando consigo a cultura thug) e alguns poderes locais que não estão para perder tempo tem sabido tirar partido desta onda modal.

O Festival Hip Hop do Tarrafal vai na sua segunda edição (impulsionado pelo pelouro da cultura da Câmara local) e tem como objectivo dar oportunidades culturais aos jovens rappers tarrafalenses. Para evitar que a malta cometa o mesmo erro que alguns gangsta rappers da capital, este ano, a Câmara Municipal do Tarrafal achou por bem (ou por mal) convidar Dudú Rodrigues, a mente atrás do Djuntarti e pai do movimento hip hop konsienti (que por sua vez resolveu aproveitar-se do meu rótulo de especialista em "kasubodismo" e "thugmania" dado por uma mente não identificada) para "workshopar" o pessoal do litoral norte. Foi fixe e seguimos o flow...

Os gajos não são um Pex, Bhudda, Shade B, Central Side, Kingston e tantos outros mentes críticos que pululam pela city capital, mas com alguma paciência, humildade, pesquisa e coragem são capazes de lá chegar. One love si pa Nice, Lost, Suri, B, K7 e muitos outros de que não recordo o nome. Apesar da minha costela headbanger, que me proporcionou um contrato quase milionário com o subversivo FeedBack (sem link), o rap revolucionário marcou-me primeiro e vai ser o meu próximo empreendimento sociológico, tentando assim completar a saga tribal "thugétnica".

(Na imagem: Lost no palco do Festival Hip Hop Tarrafal. Mais fotos aqui)

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