Tuesday, February 7, 2012

Eli B: Falta de profissionalismo, descaso ou... burla, pura e simples?

(vencedor do concurso de rap "Verão na Praia - 2009" da TCV)
(post konvidadu)


Talvez pareça irónico para uns, inconveniente ou até mesmo insignificante para outros. Porém, para alguns olhares mais atentos, não deixaria de ser algo que merecesse uma atenção especial, porquanto crê-se preocupante o facto da nossa querida Televisão Nacional passar-se por “burlona”.

Quiçá como uma ténue lembrança, devido ao tempo decorrido, ainda se recorde do sucesso que fora o programa “Verão na Praia – 2009” da nossa televisão, e dos concursos ali realizados, de entre os quais o concurso de música Rap, com o suposto prémio da gravação de um videoclipe ao vencedor, totalmente suportado pela Televisão de Cabo Verde – TCV.

Os mais curiosos, ou simplesmente mais atentos podem se perguntar“Acompanhei o programa, mas não cheguei a ver o vídeo do artista vencedor. Porque será?”. A resposta seria tão simples como: “nunca chegou a ser realizado”.

Tal facto traria, entretanto, à tona outra pergunta: “Porquê?”. Porquê, volvido ano e tal, não se chegou a pagar o justo e merecido prémio à pessoa que maravilhou Cabo Verde com uma forma diferente de fazer Rap/Hip-hop, uma vez que, supostamente, isso não traria embaraço nenhum (nem mesmo despesas) a uma estação televisiva, dotada de meios materiais e humanos para tal?

Após esperar, com paciência de Job, por sensivelmente 411 dias e 6 horas (1 ano, 46 dias e 6 horas) a ver até onde iria a ridicularidade da nossa falta de profissionalismo, aturar pouco caso, desculpas esfarrapadas e inverdades, convinha tornar pública esta vergonha nacional.

As justificações podem ser várias. Desde o pré-conceito, afinal é apenas mais um “rapper”, deve ser um “thug”qualquer, por isso não há nada com que se preocupar; ou talvez, as inúmeras “mais uma chance” concedidas para se redimirem, tenham sido erradamente interpretadas como mendigagem, passando uma falsa imagem de fraqueza e incapacidade intelectual da pessoa em causa; ou simplesmente descaso e má vontade por parte da Televisão Nacional.

É, entretanto caricato, o facto de uma instituição que, devido ao nobre e supostamente sério trabalho, deveria ter um código de ética rigoroso que primasse pela verdade absoluta, falte publicamente com a verdade (sem falar das inverdades, directa e propositadamente passadas à pessoa em causa, vezes sem conta) e não cumpra as responsabilidades assumidas e, nada justifica tamanha falta de profissionalismo, nem isenta da culpa os profissionais em causa que, aqui, representam a instituição.

Tamanha baixeza reflecte a ignorância dos implicados e o explícito desprezo ao estilo (Rap), erradamente baseado em estigmas e rótulos, sem entretanto saber, que cada ser humano, independentemente da actividade desenvolvida ou da classe social, tem o seu respeito e a sua dignidade como direitos inalienáveis. Não obstante isso, a pessoa por detrás do “rapper” continua um desconhecido, podendo tanto ser o intelectualmente incapaz que mendigava um videoclipe (que era seu por direito), ou uma pessoa totalmente diferente, instruída e responsável, que simplesmente optou por ver até onde iria a mediocridade e a falta de profissionalismo de pessoas que se queriam sérios profissionais, acabando por descobrir que tal não tem limites, pois não se deve esperar que a sensatez venha de pessoas que não a reconhecem como valor.

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