Friday, October 12, 2012

Green Zone

Um daqueles filmes hollywoodescos cheios de efeitos especiais, explosões e afins, com Matt Damon a fazer de sargento Miller, um dos oficiais do exército americano responsável pela captura das chamadas Armas de Destruição Maciça (ADM). Pura ficção, uma crítica talvez à política sanguinária da administração Bush, mas levantando questões pertinentes sobre a verdadeira razão da invasão americana e seus aliados à antiga Mesopotânia.

Thursday, October 11, 2012

Que chamassem as FARP...

Estou-me nas tintas se Pedro Pires resolveu agraciar Cavaco Silva com o Primeiro Grau da Ordem de Amílcar Cabral, mas assistir a bandeira portuguesa a descer do céu nas festividades da independência nacional é um bocado estranho. Não vejo para-quedistas espanhóis descerem em plena avenida da liberdade no dia da restauração da independência portuguesa carregando a bandeira espanhola. Se o problema era falta de para-quedistas nacionais que me chamassem. Ainda não esqueci de como se desce de pára-quedas de um C130 - um ex-Boina Verde do exército português mas cabo-verdiano de nascença e criação (a bandeira a descer seria o azul que o da Guiné-Bissau deixei com o falecido Nino). O problema é que os nossos governantes adoram virar o cu... a Portugal (o filho sempre precisa do pai).

(Na imagem: tropas para-quedistas portuguesas (BAI) em Tancos. Nenhum dos pretos sou eu porque na altura da foto já tinha saído. No dia do juramento da bandeira das quinas ouvi no meu subconsciente o sol suor... a globalização tem dessas coisas)

Outdors war (2)

Não vejo nenhum problema de maior nesta guerra de outdors entre o PAICV e o MPD. Ambos os partidos têm financiamento privado e coisas do tipo acontecem em democracias muito mais maduras do que o nosso. Aliás, o suposto choque da sociedade civil fictícia só prova aquilo que o historiador Aquilino Varela disse num debate com o agora pré-candidato a PR, Inocêncio, no dia 13 de Janeiro de corrente mês nos Picos: "a nossa democracia é de baixa intensidade". Juridicamente é legal e a nossa sociedade está partida desde sempre. Chocados deveriam ficar com os outdors propangadísticos do governo (não obstante a resposta pronta do PAICV, o governo achou por bem reforçá-la) que pululam pela cidade, numa evidente "kasubodação" ao contribuinte, sem falar da campanha governamental vergonhosa iniciada pela TCV em parceria com a ACI no início do ano.

Falemos então das eleições... mais a sério (apesar das minhas limitações no campo da Ciência Política)

Sei... ando a brincar com isto das eleições. E depois? Se hoje não acredito nos partidos e nos políticos o culpado são eles mesmos. Pela arrogância com que se pegaram ao poder, pelo défice democrático que promoveram, pelas jogadas sujas que fizeram, por terem fechado os olhos à corrupção (em crescimento galopante), pelo nepotismo e tráficos vários que fomentaram e, sobretudo, pelo oportunismo e pouca vergonha que aparecem agora como salvadores da pátria, descidos dos seus altares, como que se fossemos todos uns tolos (e se calhar é mesmo o que somos).

O MPD não é alternativa de nada neste país, embora, há que reconhecer que muitos ganhos que o Neves fala deve-se ao trabalho efectuado nos anos 90 pelos verdes. Políticas de centro-direita/direita não coadunam com o estado frágil/inflamável económico-social que temos neste momento apesar da cosmética amarela. Vejo para a lista e vejo gente de sempre e uns tantos jovens que estão lá por qualquer razão menos pela sua competência técnica. Alguns estão lá apenas para amealhar alguns votos (mas ainda bem que lá estão). A verdade é para se dizer doa a quem doer. Infelizmente, a competência nem sempre ganha eleições. Mesmo assim, tomando em consideração que dar mais 5 anos aos amarelos é um perigo, votar nos "rabentolas" tem o seu peso. Pior que está não fica e dá-se oportunidade a outros mamarem e promover a "mamação" aos familiares e amigos.

O PAICV acredita que a infraestruturação é a solução. É. Mas não da forma como está a ser feita. Centralizada, corporativista, nivelado para baixo e promovendo riquezas a alguns (simpatizantes e amigos). Há prioridades e nisso os amarelos falharam. Há que dizê-lo. Esta plataforma eleitoral é pura cosmética e o país real é outro. Diz que faz mas não mostra como. E políticas públicas exequíveis e continuadas? Contudo, esteve lá há 10 anos. Olhando para a lista, alguns indivíduos de carácter bem duvidoso há busca de imunidade parlamentar (nem vale a pena dizer os nomes que todos sabem quem são). Dizem-se da esquerda, mas aproximam-se mais da terceira via adorado pelo Rony e apresentam tiques stalinistas. Dizem promotores da igualdade de género e na prática, vendo pela lista, vemos que não é bem assim. Depois tem um líder a começar a dar os mesmos erros que Filú em 2008. Diz que trouxe poesia à política e que é uma estrela... vai confiando.

Depois temos os restantes (UCID, PTS e PSD) que não passam de resistentes numa sociedade bipartidária. A UCID tem mais credibilidade mas é regional. É o único capaz de levar São Vicente ao parlamento com vista à busca de soluções dos vários problemas que esta ilha tem sofrido nos últimos tempos, devido, em parte, à centralização da Praia, muito por culpa da sua gente que quando chega ao poder esquece as raízes, lembrando-se delas apenas em épocas das festas. Deveras Soncent é sabi pa kagá... O PTS é aquela base. Tem o Onésimo Silveira e as suas vira-casaquices. Do PSD nem vale a pena falarmos (um folclore à imagem do seu líder).

Podem sempre votar nulo (não aconselho porque sempre é possível aparecer uma caneta na hora da contagem e pimba) ou simplesmente cagarem na coisa. São opções. Podem também entrar na brincadeira e fazer campanha pelos punks imaginários e bananas. É um escape. A verdade é que no dia sete depois da festa da vitória do PAICV ou do MPD voltaremos à nossa vidinha e acreditem que a presença das novas caras no parlamento não irá mudar o estado das coisas. Pessimista ou realista, eis a questão. Se estiver enganado faço um post daqui a uns meses a reconhecer o erro.

P.S. O Já arranjou um blogue, talvez para fugir às garras da CNE (embora aqui o público é diminuto). Piada mesmo é as tropas da Rosita começarem a perseguir blogues e afins. Não. Estes dizem que somos livres. Pelo menos no mundo virtual. Apesar disto, ainda não estamos a aproximar da Costa do Marfim.

Tuesday, October 9, 2012

Thugs Kriolus

Em 2006, quando comecei a aventura de investigar o movimento thugétnico (os tais terroristas urbanos), apesar de ter adquirido algum conhecimento nos gangs juvenis em Lisboa, longe estava eu de saber o espantoso mundo que iria encontrar nesta Praia underground nascida nos finais dos anos 90. Para qualquer pseudo-investigador o mundo dos thugs é sinistro, sem causa, onde apenas existe violência e um sentimento de nôs ki sta manda. As coisas não são bem assim.

A primeira parte da investigação ficou concluído nos finais de 2009, mas, com os acontecimentos violentos surgidos na capital em Dezembro e Janeiro último, houve necessidade de começar uma nova jornada etnográfica (digamos a segunda parte da coisa). No final de 2009, estava claro que o fenómeno thug estava em processo de redefinição - o modus operandi dos grupos tinham mudado. A delinquência juvenil existe - está para durar - mas é um erro afirmar que o tipo de associação juvenil delinquente que hoje encontramos nas streets da capital têm as mesmas características dos grupos thugs originais (nos finais dos anos 90 - repatriados, e nos primeiros anos do ano 2000 - a interiorização desse estilo de vida por jovens desafiliados nos funcos da capital). Se privilegiarmos apenas a palavra (bandido), ya são bandidos/delinquentes, mas se analisarmos a filosofia por detrás do fenómeno veremos que o que existe hoje é uma outra coisa qualquer. Alguns identificam-se como sendo thugs, mas um olhar microscópico mostra-nos que a esmagadora maioria não passa de grupos Kasu Bodi transvestido a thug. Como disse, o modus operandi é outro e a ideologia é outra - mais niilista.

A partir de hoje partilharei com os 20 e tal gajos que por cá passam diariamente (a maioria à espreita de qualquer coisa para atacar com ignorância) alguns vídeos, basicamente clips de rap thugs (e não thugs) amadores (bastante subversivo - também não passa no CV Mix), editado por suburbanos - esse bando de rapazes violentos e burros, que não fazem nada senão xinta ta kosa obu como já ouvi dizer por aí. Não importa se sabem cantar ou não... o importante é mostrar a algumas mentes obtusas e a uma facção da burguesia folclórica, que se preocupam apenas em dar mamadas para subir ao poleiro, a capacidade criativa desse povo (também não têm apoio do ministério da cultura). O objectivo é balear-vos com as mensagens subversivas das ruas periféricas (longe de mim tentar fazê-los passar por santos. Revolucionários, talvez).

Não sei se os dois jovens da Achada Trás, ex-thugs do grupo The Wolf Gang, chegaram a convencer Zema - no escritório climatizado da Várzea - e apresentar as suas reivindicações no tal encontro com os thugs (ainda estou à espera do memorandum da reunião). Pena não foram convidados, também, no passado, para o famoso encontro com os jovens da capital - ah, essa era para jovens normais. No entanto, desconfio que a madrinha da mais nova associação juvenil legalizada pelo sistema aconselhou-os a não apertar demasiado com o premier - por sugestão da equipa do mesmo, suponho...

O vídeo em baixo relata o dia-a-dia dos jovens num dos funcos da capital (Castelão). Recorrem constantemente àquilo que Sykes e Matza chamam de técnicas de neutralizações das normas convencionais para justificar os seus actos, não obstante as verdades ditas.

Rappers: Nuts Ft. Rappa-G & Dapox
Música: kronikaz di Street

Sunday, October 7, 2012

GPI-Knowledge... a luta continua

Muita gente não gosta de ouvir isto, mas a verdade é que a segunda geração dos thugs praienses nasceram à volta dos grupos gangsta rap da zona ou ao ritmo dos beats importados dos States. Portanto, tal como na terra do Tio Sam, a expressão thug life consolida-se à volta desses grupos que pouco a pouco foram surgindo nos bairros periféricos da capital. Com isso quero dizer que as primeiras cenas de violência envolvendo grupos thugs no início dos anos dois mil deveram-se a bifes individuais e territoriais entre MC's e constata-se que muitos nomes desses grupos eram o dos grupos de gangsta rap da zona. Normalmente, serviam de guarda costas desses rappers. Para além das letras dessas musicas conterem palavras provocativas e estigmatizantes para com grupos e bairros rivais, elas continham também uma forte mensagem político-social, denunciando a corrupção, a violência policial, a desigualdade social, a hipocrisia social, a pobreza e a apatia social. Ela funcionava como um grito de revolta e uma chamada de atenção à sociedade para a situação vivida nos funcos contemporâneos da cidade. O código de sobrevivência de rua era reproduzido nas músicas fazendo com que os mais novos o interiorizasse e tomá-lo como a única regra possível para sobreviver nas ruas.

Mais tarde, começaram a aparecer novos grupos e muitos antigos gangsta rappers trocaram, nas palavras deles, o gun pelo micro, tentando assim fazer com que as instituições locais e centrais, público e privado, os ouvissem. A consciencialização da não violência começou a surgir na tentativa de evitar que os mais novos seguissem o caminho da delinquência, contudo, nos bairros, a violência simbólica continuava. GPI é um desses grupos, que mais do que um grupo rap, é um movimento de consciencialização político-social, africanista, anti-sistema, tribal, que embora não acreditando na violência como factor de mudança social, entendem fazer uso dela quando necessária for, como reacção a uma situação injusta. Muitos grupos thugs (incluindo os Buraca) usam a violência como defesa a uma situação que não controlam. Não confundir os GPI com um grupo thug, mas sim como uma ponte entre esses grupos (em redefinição) e a sociedade, se bem que, sentem-se tão excluídos e marginalizados como eles. É assim em Castelão, como é na Achada Grande Frente, Achada Grande Trás, Tira Chapéu, Achadinha, Várzea, Lém Ferreira, Vila Nova, Ponta D'Água, Safende, Fontom, Bairro Lata, Cobom, Di Nôs, Brasil, Jamaica, Inferno (actual Alto da Graça), Tira Chapéu, Meio da Achada, Bela Vista, Achadinha Pires, Monte Vermelho, Achada Mato, Eugénio Lima, Calabaceira, Pensamento, Paiol, Coqueiro, Moinho, Lém Cachoro... todos têm os seus GPI's e os seus Buracas. O estado social que os poderes centrais e locais ignoraram, ignoram e irão continuar a ignorar... bem, estamos nas vésperas das eleições.

Interlúdio...

Entramos em 2011. O planeta roda, as pessoas ficam mais velhas, outras morrem, renova-se esperanças e gasta-se mais do que se tem. E depois? A vida é curta e deve ser vivida com intensidade. Contudo, as injustiças, as várias formas de pobreza, as desigualdades tendem a crescer. Muitos consideram este novo ano como o princípio do fim. Outros, um ano de grandes mudanças e realizações. Eu acho que será o princípio de alguma coisa. Do fim não sei. Ás vezes questiono-me porque mantenho este espaço. Nem eu sei. Muitas vezes sou rude. Sei... Cada um é aquilo que é e arrependo-me de muitas coisas ditas e, principalmente, das não ditas... não falo somente deste espaço. Há pessoas que falam de amor e coisas do género. Todo o mundo ama, só que cada um ama à sua maneira. Magoei pessoas que amo e arrependo-me por isso. As pessoas mudam. Para melhor. Se calhar, quando morrer irei para o inferno, se o cristianismo estiver certo. Sei lá!!! A vida às vezes é uma merda. Seja como for, desta forma meio estranha, desejo um bom ano àqueles que mesmo não concordando com o que digo e da forma como o digo, espreitam este canto estranho, nem se for para me mandar para aquela coisa... e aos que amo, ainda vou a tempo de sair do meu planeta e crescer no mundo maravilhoso que é o mundo das relações humanas. Das palavras bonitas, do carinho sem complexo e do sim, eu te amo... só não sei se é muito tarde para a redenção. Who knows...

Abba: Happy New Year

Friday, October 5, 2012

Pobreza urbana... Cidade da Praia

(casa de lata/papelão na Achada Grande Frente)

A pobreza em Cabo Verde há já algum tempo que deixou de ser um problema exclusivamente rural, tal como é descrita nos relatórios oficiais. Ela é actualmente um fenómeno urbano com tendências para suplantar a pobreza rural, tanto na dimensão como na intensidade. O programa de luta contra a pobreza falhou redondamente, visto não ter conseguido melhorar as condições de vida no campo. Jordi Estivill, ex-consultor da OIT para Cabo Verde, num seminário académico intitulado "Políticas Internacionais e Instrumentos de Apoio ao Desenvolvimento Económico e à Protecção Social nos Países Pobres" na Universidade Nova de Lisboa, confessou-me em privado a tristeza sentida quando verificou que nas ilhas (nos finais de 90 e início de 2000), o PNLP, ao invés de servir como uma política pública inclusiva das populações mais vulneráveis do mundo rural, serviu como um mecanismo de enriquecimento de alguns funcionários camarários e sub-empreiteiros. Acabou-se com as FAIMO, mas não se vislumbrou alternativas.

(chefe de família)

Como resultado desse falhanço, não só não se estancou o êxodo rural, como fez aumentar a pobreza urbana, transportado do campo para a cidade. Fenómenos casas de lata e/ou papelão tem-se multiplicado na Cidade da Praia (e noutras ilhas, com especial destaque no Sal, Boa Vista e São Vicente) e a tendência é termos num futuro não muito longe, bairros de grandes dimensões construídos exclusivamente com esse tipo de habitação (já uma realidade no Sal, Boa Vista e São Vicente, embora, de pequena dimensão). Existe o programa "Casa Para Todos". Neves disse no debate para as legislativas que tal como diz o nome é para todos. Pode ser, no entanto, a senhora da foto, migrante do Fogo, não faz parte desse todo. Vive numa casa de lata/papelão na Achada Grande Frente com quatro filhos menores. A casa tem uma cozinha/sala, um compartimento onde guarda os poucos bens e um quarto. Não tem casa de banho (e se tivesse, da torneira iria sair um líquido de cor estranho, impróprio para consumo, como aquele que há um ano a ELECTRA tem brindado a população deste bairro e de outros tantos da cidade - e o país é moderno, com saneamento básico etc e tal). Quando chove, dizem as vizinhas, é um deus nos acuda.

(dois dos quatro filhos)

É assim com ela, mas na igual situação estão milhares de famílias em todo Cabo Verde. A cosmética pode esconder uma realidade, mas não a consegue esconder para sempre. Como venho dizer há algum tempo, o país real é outro. Contudo, o candidato Vicente e uns tantos outros ligados às máquinas partidárias e candidatos a alguma coisa, só agora deram conta de tanta pobreza. Ela sempre esteve lá. Pois, agora estamos em campanha. Pena que rapidamente irão esquecê-la. É só sentar o traseiro nos gabinetes climatizados do Parlamento ou do Palácio da Várzea. A culpa desta situação (se podemos falar de culpa) é principalmente do MPD. O PAICV não soube resolvê-la e acabou por consolidá-la. Não me venham agora falar de estratégias de luta contra este flagelo, visto terem estado lá vinte anos (dez anos cada) e ao invés de melhorem a situação pioraram-na. Depois, quando falamos de delinquência juvenil, a culpa é posta nos jovens e seus familiares. Ponham mas é o dedo na consciência.

(o quarto)

A chefe desta família vive com os tais cinco mil escudos que Neves regozija ter dado aos pobres. E resolve o problema? Nem sequer ameniza-o. Devemos e podemos fazer mais e melhor, mas para isso devemos descentralizar a implementação das políticas públicas. Existe nos bairros associações comunitárias com vontade e com pessoas capazes para trabalhar em projectos pela inclusão. É só o governo e as Câmaras Municipais trabalharem em rede com elas e, sobretudo, financiá-las. O problema é que os partidos sufocam-nas através de terrorismos ideológicos, lançando uns contra os outros. "Mesti muda" sim, mas de mentalidade. Dos dois lados. Caso contrário, continuamos a "sta ta muda" para o lado inverso. E o problema de facto virá mais tarde... o que vivemos hoje é apenas um esboço daquilo que virá se não mudarmos de filosofia.

Duas notas políticas

A hipocrisia e a política são irmãs gémeas. Era assim, é assim e assim continuará a ser. Os acontecimentos na Líbia, a revolução contra um ex-revolucionário, é prova disso. Em vez de si discutir o essencial, discute-se esquerda/direita. Kadafi é da esquerda. E depois? E Berlusconi e Sarkozy são também da esquerda? Sinceramente, a discussão esquerda-solidária/direita-capitalista já não faz sentido. As últimas políticas mundiais (não esquecendo o nosso querido tri-campeão PAICV) mostram que, hoje, os partidos estão no centro (será a Nova Ordem Mundial?). Ora gingando para um lado ora para outro conforme a conveniência. Essa é a verdade. Kadafi é um criminoso e ponto.

Na nossa terra moderna PDM, estou como o Jorge Nogueira. Digo mais: porque é que a senhora Sara Lopes, a mando do premier, não inspecciona também as Câmaras dos amarelos? Mostrem de uma vez que sois democráticos. Sei, os tiques do mato da Guiné são difíceis de abandonar (tiques esses existentes também no MPD). E já agora, gostaria que os agentes do CSI PAICV nos explicassem, qual a estratégia de investigação utilizada para apurar sobre as provas do nepotismo governamental a circular nas caixas de correio electrónico? Algum suspeito?

Wednesday, October 3, 2012

Agenciamento juvenil

Apanhou-se a mania de conotar o hip hop com violência e a juventude pós-democrática de irresponsável, violenta e inconsequente (como se Cabral e companhia quando jovens fossem diferentes. Para os tugas eram terroristas). Essa mania de ler a nossa juventude actual com os óculos de Locke leva a esse tipo de ignorância. E alguns jovens intelectuais, pseudo-intelectuais e aspirantes a intelectuais vão atrás representando os outros (da periferia - hip hopers) como bêbados e drogados. É do tipo: foi para isso que Cabral lutou e morreu? Não sabem é que esses, bêbados e drogados, tem uma criatividade superior a deles e dão maior importância ao líder histórico. Não têm muitos meios, não são convidados para os espaços da moda mas sobrevivem. São muito superiores aos representantes da figura social emergente - os novos quadros - que Ludjero Andrade chamou para vomitar asneira no seu programa de antes de ontem. No 180º, não obstante alguns cuspos de baboseira por parte de algumas mobílias da casa o nível era bem melhor. O Abraão bem que podia voltar para a TCV e vomitar algumas verdades ao clero tal como o tem feito no jornal que confunde simples roubos de computadores com pirataria informática.

Apresento-vos um vídeo (em baixo) realizado e editado por essa categoria marginal e estigmatizada - hip hopers - na comemoração de mais uma data do assassinato de Cabral (assassinato com o conluio de alguns camaradas). Aliás, a associação Djuntarte de Dudú Rodrigues bem podiria ser chamada para organizar as festividades da 35 aniversário da independência nacional ou da feira de turismo. Fariam menos palhaçada. No dia 20 de Janeiro último conseguiram reunir hip hopers thugs, players e revolucionários numa marcha pela avenida principal (percurso Parque 5 de Julho/Estátua Amílcar Cabral), realizar debates espontâneos sobre liberdade e ser cabo-verdiano e um show de rap, break dance e grafite na Praça Alexandre Albuquerque no Plateau. Saiu tiroteio não!!! E a imprensa, principalmente a de referência que noticiou e confirmou o show de Norah Jones ontem na Cidade da Praia e hoje no Sal (espero as reportagens pós-show) ignorou. Saísse tiroteio eram eles todos a criminalizar as gentes do funco - fossem do sobrado eram todos bons rapazes, filho de gente de bem... tanta hipocrisia de todos os lados - cotas e mirins. Esses (do vídeo) não falam, fazem as coisas acontecerem...

Vídeo: Djuntarte
Música: Fidjus di Cabral

Interlúdio...

Pouco a pouco algumas mentes complexadas deste país estão a se revelar (e não falo da política). O que não sabem é que contentam-se com muito pouco de tão palermas que são. Enquanto que o outro têm o céu como limite, os seus limites é a fronteira das ilhas. Os ditos gurus (que de gurus só tem o nome) não suportam o contraditório (de tão ditadores que são), apesar das conversas da treta sobre a democracia, autonomia, liberdade e afins. Gente pequena e mesquinha que nunca soube conviver com o outro, interiorizado como superior. Portanto, tendo interiorizado a sua pequenez, transformaram-se em gente complexada, incapaz de fazer uma revolução simbólica. Intriga é a arma dos fracos e mesquinhos. É o que dá, viver num país de complexados e falsos.

Portfolio (7)

(31 Janeiro 2010: labuta doméstica e agrícola na comunidade de Rubon di Kal, Concelho de São Domingos)

Monday, October 1, 2012

Na terra amarela... o paraíso para os camaradas

Uma grande verdade aquela que o Edy diz aqui. Sociedade bloqueada por um grupo de criminosos. Em Cabo Verde o mérito não serve. Só o cartão do partido. Ou ser familiar de alguém no partido. Só assim se explica a inclusão do Vladimir Silva, irmão do Nuias Silva na IGAE como chefe supremo. Tecnicamente (como químico) disseram que o gajo é muito bom (pelos menos teoricamente). Não duvido. A verdade é que o mister químico chegou com um mestrado de Portugal antes de ontem e pergunto se não havia outros jovens no país com mesma capacidade de assumir esse cargo. Mas para lá o meter era necessário empurrar para o sector das pescas um tal de Adalberto da Assomada que, para os camaradas, era muito rigoroso na aplicação das leis. Como fiscalizar as pescas é mais difícil devido à inexistência de meios, não há perigo de possíveis eleitores em 2011 ficarem chateados. Mas estas coisas não constam nos relatórios internacionais...