Wednesday, August 10, 2011

Shottas

Um dos filmes que inspirou o movimento thugétnico da capital das ilhas afortunadas. Este, mais Cidade Deus, Cidade dos Homens, a novela brasileira Vidas Opostas, mais um tantos filmes hollywoodescos, MTV, gangsta rap, histórias da carochinha contada pelos repatriados e o estado da Nação.

Tuesday, August 9, 2011

Collapse

"A política é a extensão da economia por outros meios" Michael Ruppert

Muitas vezes sou acusado de paranóico, pessimista, negativista, inconsequente, do contra e de ser extremamente crítico, mas, ouvir este gajo neste ultra-realista documentário de Chris Smith (ver trailer aqui), mostra que não passo de um fake nisto de narrar o mundo real.

Falando de colapsos, ouço notícias da revolução grega, de como as agências financeiras mundiais amanheceram alegres com a notícia que afinal, talvez, a Alemanha irá fazer o tal empréstimo, e que em Portugal, o meu outro país, não obstante o provável colapso financeiro (estar sempre a competir com a Grécia dá nisso), Sócrates e companhia teimam na construção das obras faraónicas (que os pobres paguem a crise). Por cá, ainda, se calhar, não se deu conta que um colapso financeiro na terra dos tugas, fará forçosamente cair o sorriso forçado do nosso reverendo. Lembrem-se da banca berdiana e afins...

Michael Ruppert fala do papel do CIA na introdução das drogas nos EUA nos idos anos 80, e ponho-me a pensar no papel dos nossos governantes (políticos e empresários) na introdução das drogas nas ilhas, de 90 para cá.

Ciclo de debates - legislativas

Do debate da RTC, gostei de ver os líderes dos partidos minoritários, principalmente, o Rosário do PTS. A ideia das duas câmaras no parlamento é algo que devemos começar a pensar mais a sério. As ilhas e as regiões marginalizadas ficariam em pé de igualdade com a cidade da Praia. O Neves... um flop. Foi armado em estrela, galã e poeta mas não conseguiu brilhar. Veiga fez bem o seu papel de pretendente ao trono... é esperar pelos próximos embates, caso não tiver mais nada para fazer.

Friday, August 5, 2011

Quim Barreiros e o Casamento Gay

Os panuleiros tugas (e demais activistas) ouviram esta música e danaram-se. O rei da pimbalhada (estilo machão ribatejano) cantou no passado a gozar com os cornos, as vaconas, as pimbalhonas e afins, mas como agora faz uma sátira à população mais sensível do planeta é um Deus nos acuda. Há que reconhecer que a letra é boa, bem ao estilo de Barreiros, e o homem continua a mostrar porque é que é o Rei das festas populares e estudantis na terra onde os tubarões azuis trouxeram a claro a merda que vai na cabeça de muitos jornalistas desportivos.

P.S. Apoiaria uma iniciativa igual (casamento gay) nestas ilhas homofóbicas.

Thursday, August 4, 2011

Sendo assim, declaro-me fundamentalista

E lá voltamos à língua cabo-verdiana. Não porque amanhã é o dia mundial da língua materna, mas porque algo escrito neste blogue (que parece ter sido apagado antes de acabar de escrever este) na sequência de um comentário neste outro, lembrou-me que, ainda, há gentes de fora que se calhar guiadas por disposições ultramarinas, parece-me, continuam a olhar estas ilhas em geral e a nossa língua materna em particular, como algo a ser civilizada.

Não sei se sou fundamentalista por achar que justo seria oficializar a língua cabo-verdiana em paridade com o português ou porque, por influência de conversas tidas com vários linguistas, convencer-me que o ALUPEC (entendida como um simples alfabeto) serve muito bem de base para o ensino do crioulo.

Fundamentalista foram os senhores portugueses quando proibiram o cabo-verdiano de se expressar através da sua língua, dos seus usos e costumes. Tudo em nome de civilizar os povos bárbaros (existe pior dominação que a simbólica?). Mas, isso é passado e 1975 serviu como o ano de ruptura com esse mal (mas hoje temos a tal coisa do neo-colonialismo).

Sinceramente, me preocupa que haja pessoas, nacionais ou estrangeiros, que acham (achologia) sem qualquer suporte teórico ou empírico, que as dificuldades em se expressar o português por estas paragens deve-se pelo facto das crianças chegarem à escola sem qualquer noção dessa língua. Se calhar o melhor, seria proibirmos a população desta terra falar em crioulo no seu dia-a-dia, e em nome da lusofonia e do orgulho luso-tropicalismo, impor o português. Desta forma, quiçá, as crianças chegam à escola com boas noções do português.

Antigamente, falava-se correctamente o português (nalgumas camadas sociais - uma minoria) porque era obrigado expressar-se em português. Tempos outros, contextos outros. Hoje, vivemos na sociedade em que vivemos e devemos deixar de pensamentos saudosistas e pensar no futuro.

O problema de se falar e escrever mal o português nestas ilhas não é o crioulo, mas sim a forma como tal é ensinado nas nossas escolas. Português não é a nossa língua materna e por isso deve ser ensinada tal como o Inglês e o Francês, foi-nos ensinada (mas mais cedo). O que não querem ouvir, é linguistas afirmarem com bases empíricos que a introdução da língua materna no ensino das crianças facilita a aprendizagem do português, uma vez que cedo ela percebe as fronteiras que separam as duas línguas. Ou seja, acabam por saber falar melhor a outra língua.

Obviamente, pode haver quem opte por não aprender o português e aventurar-se no Inglês ou Francês. Algum mal nisso? Não é verdade que nas instâncias internacionais se privilegia estas línguas e não o português? Ah pois é...

Cabo Verde é um país pequeno e o português é falado por 260 milhões de cidadãos desse mundo, mas Cesária Évora entre outros artistas de renome internacional destacaram-se a expressar na sua língua materna e não no português. O português também é nosso mas devemos deixar de superiorizá-lo em relação à língua cabo-verdiana e isso passa pela sua oficialização em paridade com o português (coisa que por puro bairrismo e politiquice foi reprovada no Parlamento).

A lusofonia rende milhões de euros, todos os anos, a Portugal (e não apenas a Cabo Verde - não há cá almoços grátis), visto que, as ajudas entram por uma porta e saem logo por outra, devido às tais cooperações existentes com as construtoras portuguesas que papam as grandes obras infra-estruturais do país. Por terem maior capacidade técnica defendem alguns. Sei... mas estamos na globalização etc e tal...

Deixemos mas é dessas merdices paternalistas e de dominação (falo dos nacionais) e pensemos em coisas mais concretas como por exemplo, o que fazer para evitar que as primeiras professoras das nossas crianças (as mães) sejam espancadas pelos matxus desta terra.

Para ler

Para lá dos documentários que se fez sobre o Grupo Bilderberg pelos chamados teóricos de conspiração (liderados por Alex Jones), crendo ou não nas supostas verdades reveladas, vários são os livros editados sobre o assunto. Daniel Estulin é apenas mais um desses teóricos, considerados, de conspiração. Investigador dos bilderberger's, testemunho assíduo dos shows de Jones e autor deste livro. Percebe-se no livro a sua aversão ao comunismo (devido ao seu passado), aos socialistas fabianos e aos capitalistas beneméritos onde se destaca David Rockfeller, este último, segundo ele, o homem por detrás do plano da Nova Ordem Mundial (um futuro em que haverá apenas um partido fascista controlado por homens de negócios). Quanto ao livro, os dados apresentados são interessantes e convincentes, se bem que apresentando contradições nalgumas partes.

Hip hop (rap) di tera... breve história

Em quase todos os países (de que me lembro) em que o hip hop se tornou moda, constituindo-se como fenómeno urbano com características específicas de acordo com o contexto em questão, capaz de mobilizar grupos de jovens transformados em tribos urbanas (MC's, DJ's, B-Boys e Grafiters), a deslocação foi da periferia para o centro. Em Cabo Verde foi diferente. Ela deslocou-se do centro para a periferia, quer na Praia quer no Mindelo.

Nos anos de 1980, tanto a Praça Alexandre Albuquerque na Praia como a Praça Nova no Mindelo, foi invadida por alguns jovens, que ao som do rap dançavam o breack dance. Eram na sua maioria filhos de gente com algum capital, que nas suas viagens de Verão aos States apaixonaram por esta forma de libertação juvenil e de apropriação dos espaços públicos, trazendo-o para as ilhas e influenciando os que por cá ficavam. Logo, começou-se a cantarolar alguns poemas ao ritmo do beatbox e penso que todos na Praia lembram-se do mi nha nomi e Totoi n ta kanta rap n ta badja breack. Nasceu assim a geração dread.

Depois apareceu o Heavy H, nome emprestado ao rapper Heavy D, que numa mistura do rap e ritmos porto-riquenhos, levou esse novo estilo musical ao palco na primeira metade dos anos de 1990. Depois apareceram as Chipi Girls e uns tantos outros. Mais tarde os Niggaz Badio e um conjunto de grupos em vários bairros da capital. No Mindelo, ao contrário da Praia, em que as letras andavam à volta de coisas banais, grupos como os Black Company, IPV, Bairro Norte ou PTR cuspiam do micro um estilo rap mais consciente e mais maduro. Era o boom e o nascimento da geração yo. O tráfico era feito nos velhinhos k7's.

Na década de 2000, o rap chegou à periferia e os temas mudaram. Começou-se a cantar a pobreza, a desigualdade social, a falta de oportunidades, a corrupção do sistema, a pouca-vergonha dos políticos e o apelo à revolução. Cabral entrou nas letras e a identidade negra foi redescoberta. Na Praia, o estilo gangsta rap fez escola e tornou-se no hino dos grupos delinquentes auto e hetero-denominados thugs. No Mindelo, surgiram colectividades, territorializadas nos bairros periféricos, auto denominadas crew ou fame, conforme os gostos. Nasceu a geração thugs (os do micro). A geração da tecnologia, dos mixtapes digitais e dos vídeo clips. A geração mundu novu, como diria o nosso premier... desterritorializou-se, também, para o interior de Santiago e para algumas ilhas periféricas.

Monday, August 1, 2011

Vila Nova Side

Do segmento street life, thug life ou life nenhum, apresento a facção rebelde de Vila Nova, zona norte da capital. A voz que Zema, Ulisses, Veiga e os jotinhas não querem ouvir apesar das costumeiras visitas locais politizadas. São, sobretudo, street soldjas cansados das politiquices e jovens desafiliados dotados de muita agencialidade. Contudo, a sociedade os vê, simplesmente, como bandos de delinquentes. O que ignoram, principalmente os políticos - verdes e amarelos, locais e centrais -, é que esses jovens (thugs ou não - que esses são rappers) são criação sua. A sua acção pode ser entendida como uma reacção - bem ou mal não interessa - à hipocrisia social reinante nas ilhas. Os seus inimigos são: a polícia que é representada como a força repressiva do sistema, os políticos que são entendidos como os culpados da situação em que se encontram e a classe provida de capital que os discrimina. o rap (voz de rua) surge como um canal de reivindicação social.

Wikileaks, Dona Clinton e as embaixadas dos EUA na Costa Ocidental de África



Bem... se a espionagem for realmente bem feita (principalmente sobre a corrupção, o tráfico de droga, o tráfico de armas e afins), duvido que as informações sejam boas... e continuo sem perceber de diplomacia, ralações internacionais ou como fazer opinião... ainda bem para mim.

(Imagem sacada na net)