Monday, December 10, 2012

Cabo Verde: O País Strip Tease

Neste país o strip tease é uma instituição. Começa com o seu representante oficial, o reverendo José Maria Neves. O homem fala, fala, fala... e perguntamos: será que fala mesmo de Cabo Verde? Aquele país no meio do Atlântico que mal aparece no mapa? O país da Cesária Évora, Raiz di Polon, Mindelact e demais coisas culturais que nos engrandece lá fora? O país dos projectos?Onde se faz projectos para futuros projectos? Só show... para estrangeiro ver.

A Televisão de Cabo Verde (TCV) deveria chamar-se Televisão Oficial do Governo (TOG) por ser um dos mecanismos de reprodução propagandista governativa, mais uns tantos panfletos pseudos-jornais e seus cronistas. Aliás, a propaganda virou moda nas ilhas (devem ter aprendido com o papai da metrópole). E que tal a UNI-CV e as demais escolas pseudo-universitárias abrirem no próximo ano lectivo mestrados e doutoramentos em Ciência da Propaganda? A disciplina achologia deveria ser obrigatória. Na verdade, na república dos achólogos, a achologia está prestes a tornar-se numa verdadeira ciência - autónoma. Aqui, a leviandade social faz escola...

O INE, na sua imensa sabedoria, descobriu a fórmula mágica de incentivar o stripteasismo governamental. Pois, estava convencido que a taxa do desemprego jovem no meio urbano andava por volta dos 60%. E o não emprego é de quanto já agora? Por enquanto, vão-se masturbando com isto (o país da morabeza e demais palavras que não passam disso mesmo).

O jornal A Nação descobriu, de repente, que existe uma máfia de terrenos na capital (no país). Pena não ter escrito sobre isso quando o capi Filú dava as cartas na capital. De certeza, devem saber que o maior reprodutor dessas negociatas é o próprio governo via Cabo Verde Investimentos (CI). Confesso que ainda não li o debate jornalesco entre o Nuías e o Monteiro (se calhar nem vou dar-me ao trabalho), mas, acho (da achologia) que se o futuro do país depender dos jovens da situação, tramados estamos.

Agora fala-se da revolta grega e as suas repercussões em Cabo Verde. São os nossos cronistas. Todos achólogos. A verdade é que este post do Emílio Rodrigues diz muita coisa. Só ir a uns tantos espaços nacionais para dar conta disso (no entanto, o BCV diz que retomamos o crescimento económico - em Portugal, o BP disse isso há uns meses - e há aquela coisa de parceria especial com a UE e paridade com o euro). O país do desperdício derivado do stripteasismo. É o que somos... stripers e travestis. (talvez haja continuação...)

P.S. E porque hoje é sábado, melhor mesmo é ouvir Beer Beer dos Korpiklaani (aqui).

(Na imagem: Mel B, ex-Spice Girl, stripteasando em Las Vegas, USA. Imagem pedido de empréstimo ao The Sun)

My Playlist (27) Air

Ver vídeo La Femme D'Argent aqui e info aqui.

My Playlist (64) Anders Parker

Sobre o cantor aqui.

Saturday, December 8, 2012

Nha Opinion

Maio, mês da cidade da Praia e do festival Gamboa. Muita gente critica porque, segundo eles, este ano está fraquinho devido à ausência de grandes nomes internacionais. Não esquecer que os Buraca Som Sistema são da 11ª ilha de Cabo Verde (Ilha da Kova da Moura). No ano passado a crítica era de que havia gente de fora a mais. Antes foi de que a coisa fechava muito cedo e crioulo só sai para paródia depois das duas da manhã. Para o ano hão-de inventar outra coisa. Eu, só tenho a dizer que este ano homenageia-se o funaná e no cartaz só vemos zouklovers. E os homens da gaita? No Kriol Jazz Festival, homenageou-se Horace Silver, mas música dele ou referência a ele foi levizinho, a tocar ao nada... É a nossa maneira sui generis de homenagear. Vi Ulisses na televisão, no tal programa da TCV "A Entrevista" e concordei com muita coisa, mas escusava-se de dizer que Jazz é música da elite. Será? Qual elite já agora? O do Comité da Praia? Cuidado com as generalizações que preconceito é feio. Parece o outro a dizer que ficou triste porque muita gente não assistiu os espectáculos da música contemporânea no Plateau. Ah e tal, são pouco cultos e por isso não percebem da coisa. Pode ser. Mas muitos armados em cultos também não a percebem. Metessem o Sakiss e suas bailarinas... Não sou contra os concertos pagos e acho que já se está a preparar para cobrar Gamboa num futuro não muito longe (atenção às experiências deste ano). A Câmara deve de vez em quanto oferecer concertos de borla aos munícipes como se faz por toda a parte do mundo, mas festivais do tipo da Gamboa podem muito bem ser a pagar. Mesmo que for um preço simbólico. Paga-se pela qualidade e/ou para a manutenção do espaço.

Sábios Spikandu...

Em Lisboa, tento ficar longe das imbecibilidades berdianas, mas ouvir isto (minuto seis) da boca do Tolentino mete nojo. Não é que este intelectual cabo-verdiano, Presidente do Instituto da África Ocidental (IAO), numa sábia explicação sobre o conceito imigração divide a má da boa imigração? A má é a da Costa Ocidental da África e a boa é da Europa (lá está... o negro mau contra o branco bom). É a sina cabo-verdiana... e não apeteceu mais ver o resto.

Friday, December 7, 2012

II Edição do Festival de Hip Hop Tarrafalense

O hip hop apesar de ter chegado a Cabo Verde nos anos 80 pelas mãos dos "mininus" dos sobrados vindos das férias escolares dos states e de alguns filhos de emigrantes (ficando pelo mi nha nomi e Totoi n ta kanta rap n ta badja breack... yo) só ganhou visibilidade e alguma notoriedade nos anos 2000 (sem esquecer do impulso dado pelos rappers da Praia e do Mindelo nos anos 90), se bem que conotado com violência, "kasubodismo" e "thugmania". Esta visibilidade e notoriedade só chegou quando esta cultura urbana (ou sub-cultura) encostou-se às esquinas dos funcos. Ou seja, ao contrário de muitos outros países em que este movimento deslocou-se da periferia para o centro, no nosso canto à beira mar quase quase, mesmo quase verde, o fenómeno foi inverso.

A actual conotação em riba mencionado tem corno onde se lhe pode pegar. A verdade é que a maioria dos grupos thugs praiense, formados nesta década tinham nome do grupo gangsta rap da zona, uma vez que, surgiram em parte como protecção dos MC's locais (eram tipo guarda-costas dos gajos) devido aos "bifes" pessoais e territoriais. Mas estas análises são para outros espaços... o que importa aqui dizer é que a nível territorial o movimento se encontra num estado de periferização regional (levando consigo a cultura thug) e alguns poderes locais que não estão para perder tempo tem sabido tirar partido desta onda modal.

O Festival Hip Hop do Tarrafal vai na sua segunda edição (impulsionado pelo pelouro da cultura da Câmara local) e tem como objectivo dar oportunidades culturais aos jovens rappers tarrafalenses. Para evitar que a malta cometa o mesmo erro que alguns gangsta rappers da capital, este ano, a Câmara Municipal do Tarrafal achou por bem (ou por mal) convidar Dudú Rodrigues, a mente atrás do Djuntarti e pai do movimento hip hop konsienti (que por sua vez resolveu aproveitar-se do meu rótulo de especialista em "kasubodismo" e "thugmania" dado por uma mente não identificada) para "workshopar" o pessoal do litoral norte. Foi fixe e seguimos o flow...

Os gajos não são um Pex, Bhudda, Shade B, Central Side, Kingston e tantos outros mentes críticos que pululam pela city capital, mas com alguma paciência, humildade, pesquisa e coragem são capazes de lá chegar. One love si pa Nice, Lost, Suri, B, K7 e muitos outros de que não recordo o nome. Apesar da minha costela headbanger, que me proporcionou um contrato quase milionário com o subversivo FeedBack (sem link), o rap revolucionário marcou-me primeiro e vai ser o meu próximo empreendimento sociológico, tentando assim completar a saga tribal "thugétnica".

(Na imagem: Lost no palco do Festival Hip Hop Tarrafal. Mais fotos aqui)

Thursday, December 6, 2012

Ah é? Que surpresa...

E a culpa é de quem? O pai que matou o filho antes de ontem em Gil Bispo, Santa Catarina, de quem é a culpa? Da política de merda do governo para o sector e dos tribunais. No caso de Gil Bispo, o malogrado só apanhou pena de prisão depois de disparar contra o então procurador do planalto central numa madrugada de sábado. Apanhou pena pesada, mas antes do disparo tinha contra si cerca de 70 processos. Saiu da prisão há 3 ou 4 meses por motivo de doença (antes disso fugiu e foi capturado uns 4 dias depois) e já tinha ordem de captura. Assomada é pequenina minha gente. Tudu algém ta da na kunpanheru. Agora é o narcotráfico (este novo agente kasubodianu) a assaltar o tribunal. Bem feito.

Estas reuniões dão em nada porque muito dos que os promove, são eles próprios traficantes ou receptores do lucro do narcotráfico (corruptos, digamos assim). Há alguém na sua mais perfeita racionalidade que acredita que os políticos e magistrados (com algumas excepções) estão interessados na luta contra o narcotráfico? Se não fosse esse negócio, ainda estávamos muito atrasados, colectivo e individualmente (falo materialmente). É segredo que o guarda prisional assassinado na Calabaceira há uns 2 anos, mais coisa menos coisa, foi queima de arquivo? O gajo ia testemunhar a favor do casal que alguém do poleiro a actual despachou para Portugal - a ex-Directora da Reinserção Social e o ex-Director da Cadeia Central da Praia. Muita gente sabe, mas o medo ou a fidelidade partidária castra-lhes.

A dengue? A maior política pública do governo é um feriado na sexta-feira para limpeza geral (dizem eles). Limpem antes o Palácio da Várzea... há muito lixo ali. E já agora, não se esqueçam do Parlamento e dos Tribunais.

Agora, diz-se que o Vital Moeda corre risco de vida... conheço magistrados que defendem que o rapazinhu foi posto ali para morrer. Então não foi ele quem desafiou o sistema no Sal? Mas essa não pega...

kufrontalidadi

kufrontalidadi

Sunday, December 2, 2012

Thugs: vítimas e/ou agentes da violência?

Nesta edição da Revista Direito e Cidadania - Nº 30 - encontra-se (pp. 191-220) publicada um artigo meu, fruto de uma investigação etnográfica sobre os grupos de jovens delinquentes auto-denominados thugs, levada a cabo, entre os anos 2006 e 2009, na Cidade da Praia.

Resumo: Este artigo pretende analisar a reacção violenta verificada nos últimos anos nos jovens auto-proclamados thugs para com a sociedade praiense, identificando-os como um movimento associativo juvenil, relacionados a actos delinquentes, ancorados nas reorganizações sociais resultantes da individualização social de uma sociedade contemporânea com características híbridas. Analisa-se o agrupamento dos jovens em gangs, reproduzindo características tribais urbanizadas onde a violência aparece como um meio possível de reivindicação social, fazendo tremer os alicerces sociais instituídos.

Palavras-chave: jovens, associativismo juvenil, violência juvenil

Saturday, December 1, 2012

Afinal o Campo de Concentração do Tarrafal era um paraíso...

Não conheço o tal de José Vicente Lopes (nem sei se deveria conhecer), mas conheço Pedro Martins (esse radical). Se isto se confirmar, de facto, temos grandes jornalistas/investigadores em Cabo Verde e João Paradela terá de actualizar o seu documentário. Também, César Schofield terá de repensar as suas criações sobre Tarrafal. Em Portugal, a reacção foi assim. É que este argumento pode estar ultrapassado.

(Na imagem: o paraíso chamado Prisão do Tarrafal)