Tuesday, June 12, 2012

E assim continuamos...

Da ministra do Ensino Superior, Ciência e Cultura alguém sabe alguma coisa? E do plano aquela coisa que Veiga, o Manuel, prometeu? Parece que tudo está bem. Principalmente na cultura. No ensino superior é um espectáculo. Cursos abrem com alunos insuficientes porque está na moda, o ministério não bloqueia porque o que queremos é estar bem nas estatísticas e o resultado são os alunos do terceiro ano da UNICA serem aconselhados a ficar este ano em casa à espera dos do segundo ano transitarem porque não se pode ter uma turma com apenas 5 alunos. E porque abriram com 8? Na mesma instituição em que o Presidente ou Reitor dá aulas no primeiro ano do curso de Serviço Social de uma outra instituição. Enfim... coisas de Cabo Verde.

Monday, June 11, 2012

Caça aos ratos

Ontem de manhã no mercado de Sucupira os ratos foram os imigrantes da Costa Ocidental de África que por lá ganham a vida (legal e ilegalmente). Quem conhece bem o local sabe que os passadores da droga estão bem ao lado, mas a polícia prefere cuspir para o lado. Polícia não, os Juízes. No ano passado, depois de quase 1 ano de investigação, a BIC identificou todos os criminosos que operam no local (desde os pequenos traficantes de droga e de armas aos receptores dos materiais roubados), contudo, um Juíz qualquer achou que não era prioritário uma rusga ao mercado. Vai-se lá saber o porquê... desconfio, mas não interessa aqui. Pior. Cá fora já se sabia que estava em curso uma possível rusga ao maior mercado da capital. Não admira porque houve tão poucas detenções muitos meses depois. Não se pode acabar com a economia subterrânea. Pode fazer colapsar o sistema. Os ratos ontem foram os pretos. Deve ter algo a ver com a tal caça aos fundamentalistas islâmicos. Quando vejo cenas do tipo (não quero com isso dizer que não deve haver controlo) percebo porque é que tentaram me complicar a vida nos aeroportos de Dakar e Bissau. Pudera. Cá se faz lá se paga. Alguém, no meio da confusão perguntou: mas estes gajos não deviam estar atrás dos bandidos que roubam e matam todos os dias? Pois, é só ir ao Palácio da Várzea, aos Paços dos Concelhos, ao Parlamento, aos Tribunais... entre outros sítios. Na Itália, caboverdeanos foram insultados em 2008 e o clero achou que não é nada com eles. Ah, não havia o Ministério das Comunidades liderado pelo Capi da zona criminal do Fogo. Por pouco, senti-me no Martin Moniz ou nas imediações da Cova da Moura em Lisboa. Lá, os pretos somos nós...

Sunday, June 10, 2012

Cabo Verde e o Narcotráfico

Se a luta contra o narcotráfico falhou em todas as frentes não sei (lendo esta notícia, parece que falhou), mas, de certo, nestas ilhas paradisíacas chamada Cabo Verde, ela falhou antes mesmo de começar. Não por incompetência, que abunda por aqui, mas, sobretudo, pela cumplicidade do poder executivo, legislativo e judicial, e pela valorização social do traficante.

Deixem-os traficar, descriminem a coisa que a malta agradece. Não esquecer o atraso que estaria esta parte da atlântida perdida (segundo alguns) se não fosse as "branquinhas". Ah, deixem em paz os coitados produtores e vendedores de padjinha... Ês tambe e kauberdianus.

(Imagem pirateada na net)

My Playlist (49) Billy Corgan

Ver ao vivo Mina Loy aqui e vídeo Walking Shade aqui. Info aqui.

Friday, June 1, 2012

Aminata Traoré no CIEA 7

"Ganhamos a batalha da independência mas perdemos a batalha dos ideais"

Vários são as conferências, fóruns, seminários, colóquios e congressos(?) organizados neste país e os convidados, quase sempre, são brasileiros ou portugueses. Intelectuais africanos nem vê-los. Espelho do nosso complexo diria alguns. Sei lá... só sei que de vez em quanto é forçoso sair do enclausuramento insular para respirar intelectualidade evitando o costumeiro sufoco achista. Aminata Traoré é uma intelectual e activista maliana que muitos achistas cabo-verdianos (ou mesmo Zema e companhia) deveriam ouvir um dia. Abriu o CIEA 7 no ISCTE com uma conferência magistral. Tolentino (preocupado em agradar gregos e troianos) que o diga. O começo não poderia ser mais elucidativo. Está-se a vender o continente negro e a asfixiá-lo com valores outros em nome do desenvolvimento. Sobre os intelectuais diz: se os pensadores da independência do continente fossem vivos não reconheceriam a África hoje. Existe a nova tese que está tudo bem e que somos o futuro mas na verdade está tudo mal e encaminhamos para o empobrecimento (porque pobre nunca fomos). E tudo por culpa dos nossos intelectualóides, cada vez mais alienados. Têm um pé em África e a cabeça na Europa e o resultado é a morte de África nas mãos dos neo-colonialistas. Para ela, a maioria dos actuais intelectuais africanos não passam de intelectuais bling bling (confesso que adorei esta designação). A fechar o congresso, Elísio Macamo, um outro intelectual africano que os achistas cabo-verdianos (e os políticos) deveriam ouvir algum dia.

(Na imagem: Aminata Traoré. Foto de autor desconhecido)