Friday, June 1, 2012

Aminata Traoré no CIEA 7

"Ganhamos a batalha da independência mas perdemos a batalha dos ideais"

Vários são as conferências, fóruns, seminários, colóquios e congressos(?) organizados neste país e os convidados, quase sempre, são brasileiros ou portugueses. Intelectuais africanos nem vê-los. Espelho do nosso complexo diria alguns. Sei lá... só sei que de vez em quanto é forçoso sair do enclausuramento insular para respirar intelectualidade evitando o costumeiro sufoco achista. Aminata Traoré é uma intelectual e activista maliana que muitos achistas cabo-verdianos (ou mesmo Zema e companhia) deveriam ouvir um dia. Abriu o CIEA 7 no ISCTE com uma conferência magistral. Tolentino (preocupado em agradar gregos e troianos) que o diga. O começo não poderia ser mais elucidativo. Está-se a vender o continente negro e a asfixiá-lo com valores outros em nome do desenvolvimento. Sobre os intelectuais diz: se os pensadores da independência do continente fossem vivos não reconheceriam a África hoje. Existe a nova tese que está tudo bem e que somos o futuro mas na verdade está tudo mal e encaminhamos para o empobrecimento (porque pobre nunca fomos). E tudo por culpa dos nossos intelectualóides, cada vez mais alienados. Têm um pé em África e a cabeça na Europa e o resultado é a morte de África nas mãos dos neo-colonialistas. Para ela, a maioria dos actuais intelectuais africanos não passam de intelectuais bling bling (confesso que adorei esta designação). A fechar o congresso, Elísio Macamo, um outro intelectual africano que os achistas cabo-verdianos (e os políticos) deveriam ouvir algum dia.

(Na imagem: Aminata Traoré. Foto de autor desconhecido)

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