Saturday, October 8, 2011

Patetices

A explicação mais fácil e patética que já ouvi acerca do fenómeno thug é a da desestruturação familiar. O facto de muitos desses indivíduos pertencerem a uma família monoparental chefiada por uma mulher não quer dizer nada. Cerca de 52% das famílias caboverdeanas tem essa característica e se formos há história veremos que essa realidade é tão antiga como é antiga a história das ilhas. Perguntem ao Carreira. Conheço muitos membros do movimento thugétnico que tem em casa o pai, a mãe e irmãos. É uma questão probabilística e não determinista. No Brasil, a realidade familiar dos desafiliados é mais ou menos igual à nossa. Famílias monoparentais chefiadas por mulheres. Ali, em vez de culpabilizarem o pai, trabalham com a mãe, porque na verdade a única pessoa que tem intimidade de mandar vir com o traficante é a mãe do cara. Aqui, a culpa é da tal desestruturação familiar, pensando que alguma vez ao longo da nossa história tivemos um tipo familiar maioritário pai, mãe e filhos. Nunca. Só entendo a desestruturação familiar num quadro normativo etnocêntrico. Se essa explicação tem a ver com o facto da urbanização ter, de uma certa forma, rompido com o tipo familiar rural - família alargada, falaria antes em desterritorialização familiar e buscava a raiz do problema no processo migratório interno e externo. Mesmo assim, não chegaria para explicar a delinquência juvenil. Pelo menos nesses modos. Os desencadeadores são outros e estão interligados.

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