Tuesday, January 3, 2012

Blogjoint: Como acabar com o desemprego?

Há perguntas dos quais respostas não os sei. Como também não consigo escrever sem criticar por mais construtivo que tento ser. É a minha sina. Destruir para construir. Teoria do caos. E afins... escrever de forma construtiva sobre o desemprego (divagando a ver se apanho a coisa).

Não querendo entrar na guerra dos números (mas já entrando), acho uma aberração os dados actuais do INE, como acho bizarro esta guerra entre os dois partidos dominantes, tendo as taxas do desemprego como arma de arremesso político. Como disse alguém algures, a verdade, independentemente dos números, é que o desemprego aumentou. Não vou nessa de desculpar com a crise mundial, porque, pelo que eu sei, o nosso arquipélago está em crise deste que os europeus ajudados pelos africanos resolveram o habitar (desculpem caros economistas, mas vocês andam a falar m***).

Que existe muito desemprego em Cabo Verde (mais do que os dados oficiais) é uma evidência e só os armados em ceguinhos não o quer ver. Pior do que o desemprego é o não emprego (o desemprego oculto). Aquele que não aparece nas estatísticas sobre o desemprego (nem com os modelos super modernizados dos países avançados). Aparecesse a discussão hoje seria outra.

A formação profissional é um caminho (seguido pelo clero) e, de facto, é indispensável ao bom desempenho de uma actividade profissional, portanto, necessário é investir mais e melhor na formação profissional dos jovens. Mas, não chega. Não chega porque traz a falsa profecia que isso resolve ou dilui o problema. O que acontece são efeitos perversos.

Correr atrás de profecias legitima outros. Traz contradições. Dizer, por um lado, que as dificuldades de inserção profissional por parte dos jovens devem à sua escassa formação profissional, quer-se dizer, por outro, que a escola (via geral) não prepara adequadamente os jovens para o mundo do trabalho. E lá se foi por pia abaixo o blá blá blá dos padrecos em relação à escola formal.

Resultado: os jovens (falo dos ex-thugs da Achada Grande Traz), depois da propalada formação profissional, não encontrando um trabalho que lhes dê o sustento ou caindo no não emprego (o mais provável) revoltam-se de novo contra o sistema. Não esquecer que o desemprego nas ilhas pasa sabi é estrutural, resultante da inexistência de um tecido industrial e empresarial forte.

Há, também, aquela coisa do programa estágio. Acho bem. Só que condena os jovens à exploração. Para mim, é a forma contemporânea de escravatura. No entanto, juntamente com a formação profissional é um caminho possível. Embora, acantonando uma parte dos jovens (lá está mais uma vez) nas malhas do não emprego.

Deixando de lado a inspiração no Machado Pais, tenho a dizer que, diminuir o desemprego em Cabo Verde, só é possível caso, se começar a despedir os senhores directores da coisa pública por incompetência (justa causa); acabar com a orgia dos contratados depois da reforma (nalguns sectores a sua manutenção é necessária); obrigar os sindicatos a resolver os problemas dos trabalhadores ao invés de preocuparem-se com a politiquice, evitando a desafiliação profissional de muitos; aumentar os salários fazendo com que não haja duplicações de funções público/privado (acabando com as pornografias profissionais); incentivar o empreendedorismo juvenil (tiro o chapéu ao executivo governamental pelo limite de dois anos de isenção dos impostos aos jovens empresários); acabar com as cunhas, padrinhagens, clientilismos e afins; e de momento não lembro de outras coisas... o achismo tem dessas coisas.

No comments:

Post a Comment