Saturday, January 7, 2012

Voltando à língua cabo-verdiana...

Tenho reparado (e volto a afirmar que a constatação não é só minha) que uma parte da nossa elite e snobs andam a obrigar os filhos a comunicarem em português. Nada contra. Cada um educa como bem entender. A intenção até não é má. Fazer com que no futuro não tenham problemas com a língua de Camões. O problema é que linguísticamente é um erro. Erro porque muitas vezes os miúdos acabam por reproduzir o português defeituoso dos pais e continua-se a ensinar o português nas escolas como se uma língua materna fosse. E não é. Sem falar dos casos em que nas escolas os professores mal conseguem dizer uma frase completa em português. Mas a minha preocupação nem é essa. O meu problema é mais sociológico. Problemas linguísticos deixo para os linguistas (embora Bourdieu afirmou, certa vez, que é errado pensar que a língua não é um campo sociológico). Ao se tentar resolver um futuro problema, está-se a empurrar as crianças para um outro problema - a exclusão escolar e social. O quotidiano nas ilhas faz-se em cabo-verdiano (crioulo) e isto os pais não controlam. Na escola e nos grupos de pares fala-se a língua materna. Quem for falar português é logo estigmatizado e excluído das brincadeiras. Acabam mesmo por sofrer bullying linguístico... e a culpa é do governo, do parlamento, da sociedade civil e dos próprios pais.

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